2025: O ano em que a farsa da direita brasileira caiu por terra (por Everton Gimenis)

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A direita brasileira mostrou, sem disfarces, sua verdadeira face: golpista, corrupta e entreguista

Everton Gimenis (*)

O ano que se encerra foi profundamente esclarecedor para a sociedade brasileira — ao menos para quem quis ver. A realidade tratou de desmontar, ponto a ponto, a farsa construída pela direita e pela extrema-direita brasileira nos últimos anos. Um campo político que cresceu explorando um discurso supostamente “moralista”, “patriótico”, “em defesa da família”, anticorrupção e “anti-sistema”, mas que foi desmentido pelos próprios fatos.

A direita brasileira mostrou, sem disfarces, sua verdadeira face: golpista, corrupta e entreguista. Um projeto político disposto a abrir mão da soberania nacional e a submeter o Brasil novamente à condição de colônia dos Estados Unidos, desde que isso sirva aos seus interesses de poder.

O moralismo revelou-se de cuecas. Diversos expoentes desse campo político se envolveram em escândalos pessoais, enquanto o discurso patriótico evaporou diante da fuga de Eduardo Bolsonaro e outros aliados para os Estados Unidos. De lá, passaram a atacar o próprio Brasil, usando conexões com a extrema-direita norte-americana para pressionar o governo Trump a taxar produtos brasileiros — prejudicando a indústria nacional, as exportações e colocando empregos em risco.

Quando Trump acatou o pedido e impôs tarifas ao Brasil, eles comemoraram. Pediram mais. Chegaram ao ponto de realizar atos onde a bandeira brasileira, antes símbolo do bolsonarismo, foi substituída por faixas de agradecimento a Trump e por uma gigantesca bandeira dos EUA. O patriotismo sempre foi apenas fachada — assim como já havia sido quando seu líder prestou continência e beijou a bandeira norte-americana.

O discurso “em defesa da família” também caiu. Ficou evidente que se trata apenas da defesa da própria família — especialmente da Familícia Bolsonaro. No Congresso, fizeram todas as manobras possíveis para tentar livrar o chefe da quadrilha da prisão. E, não por acaso, os escândalos de corrupção sempre beneficiaram parentes e aliados próximos.

A farsa anticorrupção desmoronou de vez quando lideraram, no Congresso, a aprovação da chamada PEC da Bandidagem, criada para proteger criminosos do próprio campo político. Só não passou no Senado graças à forte pressão popular. A repercussão negativa foi tão grande que, numa tentativa desesperada de limpar a própria imagem, o Congresso acabou aprovando quase por unanimidade um projeto do governo Lula: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com compensação via taxação dos super-ricos.

Vale lembrar: a direita sempre foi contra essa proposta. Afinal, a taxação dos super-ricos atinge diretamente seus financiadores de campanha e aqueles que eles historicamente representam no Parlamento. Tanto é verdade que, logo depois, já se sentindo “quites” com a opinião pública, votaram contra o projeto conhecido como BBB — que ampliava a taxação sobre Bets, Bancos e Bilionários — impedindo mais um avanço na busca por justiça tributária.

Outro episódio que escancarou a intenção de legislar em causa própria foi a tentativa de aprovar uma anistia total para o maior bandido da história recente do país. Obstruíram votações, ocuparam a Mesa Diretora da Câmara e chegaram a recorrer a chantagem internacional, afirmando que sem anistia os EUA manteriam o tarifaço. O lema “bandido bom é bandido morto” foi oficialmente substituído por: bandido bom é bandido meu amigo.

O discurso “anti-sistema” também virou pó. Nunca se viu tantos políticos da extrema-direita sendo investigados, cassados ou presos por usar justamente o sistema para enriquecer por meio de falcatruas. O caso mais recente é emblemático: o pastor e líder do PL — ou melhor, Partido dos Ladrões — Sóstenes Cavalcante, flagrado ao lado de Carlos Jordy no desvio de verbas parlamentares.

Na casa de Sóstenes, a Polícia Federal encontrou R$ 430 mil em dinheiro vivo. A explicação? Venda de um imóvel em 2020, sem informar qual imóvel, em qual cidade, para quem foi vendido ou por que a transação ocorreu em dinheiro vivo — prática geralmente associada à lavagem de dinheiro. Curiosamente, esse tipo de operação é recorrente entre bolsonaristas. A própria familícia Bolsonaro adquiriu cerca de 51 imóveis, muitos pagos em dinheiro vivo. E ainda há quem acredite na honestidade desse grupo.

Em outra justificativa constrangedora, Sóstenes afirmou que os gastos excessivos com veículos e combustíveis no Rio de Janeiro — enquanto ele estava em Brasília — se davam porque os carros eram usados por sua filha e familiares. Confissão explícita de crime: veículos oficiais só podem ser usados pelo parlamentar.

Não bastasse isso, disse que o dinheiro ficou guardado em casa por “lapso”, devido à vida corrida. Um lapso de cinco anos. Mais estranho ainda: em 2022, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio inferior a R$ 5 mil. Ou seja, manteve R$ 430 mil parados, desvalorizando, enquanto se declarava pobre. Aplicado, esse valor renderia mensalmente quase todo o patrimônio que ele dizia possuir.

O escândalo se amplia quando se descobre que assessores dos dois deputados movimentaram mais de R$ 28 milhões em suas contas. Deputados pobres, assessores milionários. Um motorista que ganha R$ 4 mil por mês movimentou mais de R$ 11 milhões. A explicação? Segundo Sóstenes, além de motorista, ele seria um “empresário de sucesso”. Um milionário que dirige carro oficial para ganhar uma ninharia. Patético.

Encerramos o ano com um contraste evidente no Congresso. A esquerda votou contra a redução de penas para golpistas. Atacar a democracia é crime e não pode ser relativizado. O presidente Lula já anunciou veto, e o STF ainda pode agir.

Enquanto a extrema-direita passou o ano sabotando o país, o governo Lula governou. Inflação controlada, pleno emprego, contas equilibradas e crescimento econômico acima das grandes potências. Em 2025, o Brasil fechou 500 novos acordos comerciais e voltou a ser respeitado internacionalmente.

Na Câmara, a esquerda atuou pela isenção do IR até R$ 5 mil, pelo fim da jornada 6×1, pela retomada da participação sindical nas demissões e pela valorização do salário mínimo. Em 2026, o mínimo será R$ 1.621. Sem Lula, seria R$ 1.454 — uma perda de R$ 2.171 por ano para quem vive do trabalho.

O ano termina com escolhas muito claras diante do povo brasileiro: democracia, soberania, trabalho e renda.

É esse o Brasil que seguimos defendendo.

(*) Vice-presidente da CUT-RS


Chave: 61993185299


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