Eleição de deputados e senadores é cartada decisiva para a democracia


Congresso Nacional - 16/09/2024 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A extrema direita não esconde de ninguém que seu grande projeto estratégico em 2026 é chegar a 41 senadores

Celso Pansera
brasil247.com/

É comum ouvirmos as pessoas dizerem que não se lembram mais em quem votaram para vereador, deputado estadual ou federal, as chamadas eleições proporcionais. Em geral, as atenções se voltam para as disputas majoritárias de prefeitos, governadores e presidente da República.

Contudo, para o bem do regime democrático, esse é um quadro que precisa ser revertido, pois a pouca valorização dos pleitos para o Legislativo abre caminho para a eleição de candidatos sem compromisso popular e republicano, ou representando todo tipo de lobby, alguns inclusive pautados exclusivamente pela defesa de interesses econômicos, ideológicos ou religiosos específicos.

A composição atual da Câmara dos Deputados, especialmente, mas também do Senado, reflete a pouca importância dada pelo eleitor para a eleição de deputados e senadores. Isso contribuí para que tenhamos ainda uma democracia de baixa intensidade em nosso país.

Como consequência disso, observa-se uma flagrante sub-representação da grande maioria de pobres e da classe média baixa, enquanto os donos do capital contam com bancadas numerosas e desproporcionais ao número de privilegiados existente na população brasileira.

Chamam a atenção as dificuldades de governabilidade enfrentadas pelo governo Lula para aprovar seus projetos em um Congresso em que dois terços dos parlamentares ou pertencem ao Centrão, ou são de extrema direita.

A explicação para tamanha distorção é complexa e vai de problemas no nível de informação e politização do eleitorado à força do dinheiro nos processos eleitorais - que continua presente a despeito do financiamento público das campanhas -, entre vários outros fatores, cuja abordagem mais detalhada consumiria vários artigos.

Como diz o ex-ministro José Dirceu, chega a ser um milagre que Lula consiga governar e apresentar tantas realizações em benefício do povo brasileiro diante de um Legislativo tão hostil. Haja habilidade política e competência.

O fato é que precisamos enfrentar esse desafio no curto prazo, já que em menos de um ano acontecerão as eleições para a renovação total da Câmara e dois terços do Senado. E, se as eleições para o parlamento sempre foram relevantes para o pleno funcionamento do estado de direito democrático, que dirá agora quando o Congresso ampliou sobremaneira seus poderes, notadamente na destinação de recursos do orçamento da União.

No campo popular e progressista, é preciso que a prioridade para as eleições legislativas vá além da retórica. É fundamental uma campanha de valorização do parlamento, mostrando para as pessoas que muitos assuntos que impactam diretamente nas suas vidas são pautados, debatidos e votados pelo Congresso Nacional.

A definição das chapas de candidatos a deputado e a senador deve merecer também atenção especial, dando-se preferência a nomes com densidade eleitoral já consolidada, candidatos ligados aos movimentos sociais e às entidades da sociedade civil e, portanto, com potencial eleitoral, além de personalidades reconhecidas na sociedade, embora sem vínculo partidário efetivo.

Não custa lembrar que a extrema direita não esconde de ninguém que seu grande projeto estratégico em 2026 é chegar a 41 senadores, número que lhe permitiria manietar a democracia, alvejar atribuições do Supremo Tribunal Federal e até votar impeachment de ministros do tribunal.

Impedir esse retrocesso e eleger bancadas que deem sustentação política e parlamentar ao governo Lula 4 que vem aí, apresentando e aprovando projetos que ampliem as conquistas populares, é a nossa tarefa. Vamos à luta!

Chave: 61993185299


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