Governador que comprometeu o saneamento em São Paulo quer ser presidente do Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Inacreditável como Tarcísio de Freitas pouco teve de responder pela privatização da estatal paulista de águas e esgoto

Paulo Henrique Arantes
brasil247.com/

O candidato da direita nas próximas eleições presidenciais não é apenas o governador da polícia mata-pobre e da gentrificação do centro de São Paulo. É o governador da privatização da Sabesp, processo cujo armário guarda incontáveis esqueletos e que só não foi escandalizado pela mídia por causa do apreço desta pela queima de estatais, mesmo as eficientes e as estratégicas.

Inacreditável como Tarcísio de Freitas pouco teve de responder pela privatização da estatal paulista de águas e esgoto. Aplausos dele à Procuradoria Geral do Estado e à forma como esta lidou com 50 ações questionando a privatização na Justiça.

É estarrecedora a forma como foi assimilada a nomeação de Karla Bertocco Trindade para presidir o Conselho de Administração da Sabesp privatizada. Sim, pois ela integrava o Conselho da Equatorial, empresa que arrematou a estatal – aliás, sem concorrentes. O preço de venda por ação foi cerca de R$ 67,00, enquanto o valor justo estimado seria R$ 103,90.

Tudo isso até seria justificável, com muito boa vontade, se os serviços oferecidos à população dessem um salto de qualidade. Mas o salto foi em profundidade, para dentro de um poço de incompetência.

Em pouco mais de um mês, uma cratera abriu-se e reabriu-se na Marginal Tietê, à altura da ponte Atílio Fontana. A causa apontada foi uma fissura em um poço de inspeção de esgoto a 18 metros de profundidade, agravada por sobrecarga nos sistemas de drenagem durante chuvas intensas. O motivo foi mesmo falta de manutenção. A empresa chegou a culpar os moradores por uso inadequado do sistema de esgoto, o que foi criticado por especialistas como “desculpa inventiva”, pois falhas no sistema devem ser de responsabilidade técnica da empresa.

A Freguesia do Ó também ganhou, em 2025, uma cratera para chamar de sua, devido a vazamento na rede de abastecimento de água. A Sabesp desculpou-se e interrompeu o fornecimento de água para obras de reparo.

Paralelamente, têm sido reportadas contaminações acima dos padrões em reservatórios, como na represa do Guarapiranga, expondo à saúde pública a riscos graves. Em julho último, a Sabesp foi multada por despejar esgoto na represa. Como resposta, oportunisticamente, lançou um tal programa “Nossa Guarapiranga”, orçado em R$ 2,57 bilhões e com conclusão prevista para 2029.

Projetos duvidosos à parte, o Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil para investigar a responsabilidade da Sabesp não apenas pela contaminação das águas da represa do Guarapiranga, mas também da Billings.

Esse é um dos resultados da “gestão técnica” do governador Tarcísio de Freitas, candidato da direita a ser presidente do Brasil, para quem administrar o setor público é dar de presente as estatais para empresas irresponsáveis.



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